Qualquer livro que se leia deste autor parece-nos sempre pequeno, como no caso de Terra Ingrata, Contos Bárbaros ou Montes Pintados.
As histórias são tão bem arquitetadas, de uma tessitura tão aliciante pelo poder sugestivo das palavras polidas, que satisfaz o leitor anónimo ou o mais exigente, arrebatando-o pelo sortilégio de bem escrever. Tudo ganha uma cor original, e o homem parece cheirar ainda ao barro de que é feito.
Homem do povo, que ao povo se mantém ligado por laços de sangue e amor, plasma em boa prosa, escorreita e viril, sedutora, humana e inconfundível, a alma do mesmo povo. É fiel à sua raiz e cada livro, como este Montes Pintados é uma grande e longa canção à vida. (…) Escultor de uma forma simples, castiça e atraente forma, arranca, a bom cinzel, as suas figuras extraordinárias das fragas do Douro e sopra-lhes uma alma vibrante.
Os contos de João de Araújo Correia são feitos de casos quotidianos, recriados nas suas andanças de médico bondoso e são de uma urdidura humana inconfundível que ganham pela leveza purificada de qualquer ganga. Neste caso, forma e fundo interpenetram-se numa composição ideal, num todo harmónico, raramente atingido. Aqui a prosa é como um vidro onde se vê a forma e o fundo. Não há palavra a mais ou palavra a menos. Cada frase tem a sua medida exata e cada conto a sua voz natural.